sábado, 19 de março de 2011


Minhas experiências com avaliação


Profª Diná Rocha




Avaliação, apesar de fazer parte da vida escolar de todos nós, nunca foi motivo de grande atenção de minha parte; ora porque não levava muito a sério, pois estava mais interessada em aprender, ora porque não tinha como dedicar-me mais aos estudos para conseguir notas muito boas.
Ao lembrar de meu primeiro grau, vem-me à memória a primeira escola que freqüentei e onde cursei as séries iniciais. A escola da Profª Neves, uma escola na casa da professora. Ela sabia ser carinhosa e rigorosa ao mesmo tempo.
Tínhamos toda sexta feira sabatina de tabuada com direito à palmatória. Quem não estudava ou não decorava a tabuada, saía com as mãos inchadas. Passei com louvor.
As avaliações nessa escola eram feitas por meio de provas e outras atividades como a famigerada sabatina, e estudávamos por meio de questionários. Na época tínhamos cinco avaliações anuais.
Em seguida entrei para a escola do estado, onde cursei todo resto do primeiro grau. Eu era uma boa aluna; um pouco sonsa, mas dedicada. As avaliações, na época, eram apenas provas valendo toda a nota do bimestre. Não me recordo de muitos trabalhos ou outras formas de avaliação, mas lembro-me de gostar muito da escola e de estudar. As provas eram o terror das turmas principalmente nas séries finas do primeiro grau, pois ao concluir essa etapa tínhamos que conseguir ingressar em uma escola de segundo grau com bom conceito e na época eram feitos testes para selecionar os alunos para esta ou aquela escola, e de acordo com a nota alcançada no teste poderíamos ou não ir para a escola de nossos sonhos.
No segundo grau, no Paes de Carvalho deparei-me, com um ensino mais exigente e também com professores mais distantes. As avaliações nos metiam medo. Os professores eram famosos por seu rigor e também pela reprovação de seus alunos. Na época não tínhamos dependência: era reprovação mesmo. Então tínhamos que estudar. Lembro-me que matemática foi motivo de recuperação de boa parte de minha turma. Tivemos que estudar o dobro durante a recuperação que funcionou para aprendermos o que não tínhamos aprendido durante o último bimestre. Nessa fase de meus estudos também predominava a avaliação.....
Ao entrar para a Universidade, a princípio fiquei maravilhada, em seguida decepcionada e finalmente consegui adaptar-me à realidade. Fiquei maravilhada porque estava entrando para o nível superior, um grande sonho. Decepcionada porque a realidade de nossas instituições públicas de ensino superior não correspondem às nossas espectativas: faltam professores, estrutura precária, falta de investimentos em pesquisa etc.
As avaliações, então, eram três por disciplina, expressadas por meio de conceitos. Durante meu curso tivemos professores que deram um único conceito para todos os alunos da turma. Tivemos um professor que disse que atribuía o conceito de acordo com a proximidade em que as provas caíam após tê-las jogado para o alto. Preferi acreditar que ele estava brincando. Felizmente tivemos professores que foram antes de tudo orientadores, que nos inspiraram a buscarmos além do que víamos em sala, que nos faziam mergulhar nos livros.
Durante todo o meu percurso de estudante pelos três níveis de ensino, a forma de avaliação vivenciada foi a que buscava verificar a aprendizagem. Com raras execeções, a verificação vinha acompanhada da punição, da classificação e em alguns casos da exclusão. A punição, manifestava-se em forma de notas “vermelhas”, recuperações e reprovações. Por meio da verificação o aluno era classificado como capaz ou incapaz de aprender. E a reprovação em muitas situações levava os alunos ao abandono da escola.
Hoje, como professora, vejo a avaliação como forma de diagnosticar possíveis fragilidades e ressaltar as habilidades dos educandos, uma vez que as disciplinas ligadas à linguagem e à comunicação, com as quais trabalho, nos oferecem um leque de opções de técnicas, metodologias, recursos e principalmente permitem um trabalho diversificado e compensador.